14/01/2023 às 22:43

Não quero faca, nem queijo. Quero a fome.

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“Não quero faca, nem queijo. Quero a fome”. 

Essa á a frase que fecha o poema “Tempo”, da poeta Adélia Prado.


QUAL TEM SIDO A SUA FOME?


Desde que a @anegiombelli e eu decidimos trilhar este lindo, cansativo, desafiador, mas, acima de tudo, envolvente mundo da fotografia, temos tido fomes intensas.

Ao definir nosso público alvo, MULHERES, passamos a nos dedicar, aprender, reaprender e, diria que principalmente, abraçar a todas de alguma forma, sem julgamentos.


Passamos a admirar em cada uma, algo específico. O olhar, o sorriso, a segurança, a luta e o mais importante, suas histórias. E assim saciamos algumas de nossas fomes.


Mas existem tantas que vez ou outra, em silêncio, paramos e questionamos: vamos conseguir? 

Sim! Por mais difícil que seja, seguimos e seguiremos com fome, buscando saciá-la.


E é sobre isso que Adélia nos fala. Sobre motivação, atitude de querer evoluir, da busca de algo melhor. De nada adianta faca e queijo se não temos fome.

É ela que nos movimenta. É ela que TE MOVIMENTA.


Nossa fome em retratar mulheres atingiu o ponto de termos uma lista de nomes dos mais variados perfis (sim, NÓS TEMOS uma lista com nomes de mulheres), e que iremos fotografar cedo ou tarde. 

E serão elas que irão nos procurar. Sabe por quê? Por causa da fome.


Talvez seu nome esteja nela. Talvez ao lado já tenha um “ok”. 

Sinta-se feliz, pois é uma lista feita não por amizade, proximidade ou poder aquisitivo. Talvez nunca tenhamos nos visto, talvez essas mulheres nem saibam quem somos. Talvez nem sejam de nossa cidade. Famosas? Por que não? 

Mas é feita pela fome de atingir objetivos e pela certeza de que elas irão nos saciar de alguma maneira. E vice-versa! Pois cremos piamente que nossos ensaios são acima de tudo, uma troca de fomes.


Agora que você sabe disso, sito Miguel de Unamuno: "Saber por saber: isso é inumano...".


Nossa missão como fotógrafos se compara a de um “chef de cuisine”: antes de lhe dar a faca e queijo, devemos te provocar a fome de ser fotografada.


E por fim, outra frase de Adélia encontrada no poema “Para o Zé”, e que dedico a quem me atiça fomes diariamente, Ane: “O que a memória ama, fica eterno. Te amo com a memória, imperecível”.

14 Jan 2023

Não quero faca, nem queijo. Quero a fome.

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